Celebrado em 17 de novembro, o Dia da Criatividade nos convida ao desafio de ser inusitado
A criatividade, por definição, é “a originalidade; de quem tem capacidade, inteligência e talento para criar, inventar ou fazer inovações na área em que atua. A capacidade de inventar, de criar, de compor a partir de um propósito”. “Na realidade, todos somos criativos. A diferença está no quanto cada um exercita e estimula sua mente. Mas, com a rotina atribulada e o consequente estresse diário, fica difícil não ter a mente sempre sobrecarregada. A boa notícia é que há formas de enfrentar o bloqueio criativo e não perder a habilidade de se reinventar”, afirma Claudia Petry, pedagoga e professora no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville (SC).
E como funciona o processo criativo?
De acordo com a psiquiatra Danielle H. Admoni, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); a criatividade é determinada por processos cerebrais complexos que envolvem a interação entre os dois hemisférios cerebrais. “Foi quebrado o mito de que hemisfério esquerdo é responsável pelo lógico e realista, e que o hemisfério direito, pelo criativo e intuitivo. Praticamente todas as áreas cerebrais estão envolvidas no processo criativo. Aliás, mais do que as áreas cerebrais envolvidas, são importantes os circuitos que conectam essas diversas áreas e a forma como eles interagem para produzir tudo o que constitui a nossa mente”.
Criatividade é mais do que uma epifania
Há quem pense que o ato criativo surge do “nada”, como um momento súbito de inspiração. Não é bem assim. Segundo Claudia Petry, o ato criativo é o resultado final de um processo que se desenvolve desde a elaboração (consciente e inconsciente) até a realização da ideia. “Uma pessoa altamente criativa é aquela capaz de trazer algo novo ou inusitado, que foge aos padrões habituais já conhecidos. A criatividade depende, em parte, da inteligência, das habilidades e da bagagem cultural da pessoa. No entanto, para aprofundar sua criatividade, o indivíduo precisa ter um objetivo em mente, um desafio, algo que faça alavancar ideias diferenciadas. Na pandemia, por exemplo, muitos foram obrigados a se reinventar, já que a situação anterior foi toda modificada. Nesse momento, ser criativo se tornou praticamente uma imposição para contornar as adversidades que ninguém estava preparado para enfrentar”, pontua a especialista. Segundo um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, publicado no site The Conversation, a criatividade envolve uma interação complexa entre o pensamento espontâneo e o pensamento controlado, ou seja, a capacidade de pensar espontaneamente em ideias e avaliá-las deliberadamente para determinar se elas realmente funcionarão.
O desafio de ser inusitado
A estimulação da criatividade começa já na infância, quando se oferece a chance de desenvolver habilidades de modo amplo, diversificado, dando a liberdade de buscar novos interesses e experimentar novas atividades. “Essa abertura a diversas possibilidades permite ter um desenvolvimento criativo mais amplo em comparação a alguém restrito a atividades comuns, limitadas ou repetitivas”, reforça Danielle Admoni. Para a psiquiatra, desenvolver criatividade depende da ruptura de possíveis padrões rígidos de pensamento já bem estabelecidos, do desenvolvimento do interesse por outros modos de pensar e experimentar, fugindo daquilo que a pessoa já está acostumada. “Muitas vezes, esse desenvolvimento depende de um acompanhamento psicoterápico, uma vez que, frequentemente, a pessoa não consegue por si mesma fazer essa ruptura, esse movimento de liberdade. A boa notícia é que estar aberto ao novo já é um importante passo para se livrar do lugar comum”, finaliza Danielle Admoni.
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